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Arquitetura clássica

O sentido religioso das pirâmides egípcias

                                                                   (14 de dezembro de 2015)

 

       ...Será que as pirâmides serviam apenas de túmulos memoriais e para guardar os tesouros dos faraós? Era essa A sua principal finalidade? E qual a influência que a arquitetura egípcia exerce até os dias de hoje?

      Dúvidas, questionamentos, controvérsias... A verdade é que os mistérios das pirâmides atiçam a imaginação humana, principalmente quando está em jogo à compreensão dos monumentos como as pirâmides (Quéops, Quéfren e Miquerinos) e da engenharia que as tornou possíveis. Foram construídas por razões puramente mágicas e religiosas, ou melhor, nelas existem mais do que túmulos. Eram templos para iniciação de como voltar a viver, para encontrar o caminho sagrado, o divino. 

     Daí vem à tona uma questão fundamental para entendermos esse mundo extraordinário: toda a civilização egípcia celebrava uma religiosidade de muita alegria com a vida e acreditava piamente que todos voltariam a viver. De acordo com a tradição das antigas “Escolas dos mistérios”, procuravam respostas para o enigma da existência humana, do resgate à espiritualidade e da imortalidade perdida, ou melhor, a arte de voltar a viver, ponto fundamental para eles. 

   Há uma tradição profundamente religiosa que está presente em toda estrutura das pirâmides, mas também noutro importante monumento arquitetônico cujo sentido se alinha ao das pirâmides:  a Esfinge (sphinks, em grego). As razões de sua criação são misteriosas; segundo a etimologia egípcia, sphinks significa apertar a garganta, real sufoco, aperto diante do desconhecido – vida e morte-, mensageira da morte. Ela é uma composição híbrida de corpo de leão, cabeça de mulher e corpo de águia; esses três símbolos da esfinge apontam para uma disposição ética: é preciso ter a intuição feminina para olharmos para além do que a matéria nos dispõe como realidade, ter coragem leonina de empreendermos a árdua busca pela verdade, e asas de águia, para vertemos tudo isso para o alto. Só assim podemos responder ao enigma da esfinge melhor do que fez o jovem Édipo, que só depois compreendeu o sentido profundo de seu enigma: Quem sou eu? Para onde vou? De onde vim? ... E se observarmos as esfinges eram construídas ao redor das pirâmides e isso não era por acaso, a esfinge simbolizava os atributos humanos para que qualquer um pudesse resolver esses mistérios, cujo sentido esta na própria geometria das pirâmides.

A organização geométrica das três principais pirâmides, Quéops, Quéfren e Miquerinos ocupam uma posição central numa região chamada Datanfu, ao norte depois ao Sul. Podemos ver outras pirâmides quase na mesma organização; chega a parecer uma constelação, ou melhor, como os egípcios chamavam de Órion (constelação de Ísis e Osiris): lá veremos exata cópia desta mesma organização geométrica do céu, as próprias são uma obra monumental, uma busca maravilhosa dos homens tentarem reproduzir o céu na terra como uma esperança de que elas possam servir de escada ou instrumento para o homem realcançar o céu, ou seja, a imortalidade perdida. Um dos motivos de ser sagrada, pois retrata esta constelação tão famosa para os egípcios.

     A arquitetura sagrada está na própria construção das pirâmides: o caminho que devemos fazer para encontrar a verdade divina, eterna, a imortalidade perdida, enfim, o sentido do somos e do que fazemos aqui, está na disposição da base quadrada, com seus quatro lados triangulares e seu topo feito de ouro. A base como já dito um quadrado que representa o pensamento egípcio dos 4 pensamentos elementares da matéria (terra, água, fogo e ar). De cada lado da base emerge um triângulo. Os triângulos (das laterais da pirâmide) representam as possibilidades da psyché cósmica: ou seja, independente do lado material de onde o ser humano provém, sua ascendência cósmica ao divino possui as mesmas chances de realização.

      Evidenciando que a base é a materialidade e o triângulo seu destino(elevação). Traduzindo o triângulo, nele temos o nobre, o belo e o justo, sempre levando a elevação, ou melhor, ao divino. 4 é a base, 3 é o triângulo... Se formos mais além ... 4 + 3 indica o número 7, o número de Apolo, as 7 vibrações da alma, há 7 notas musicais... Ou 4x3 igual a 12, há 12 signos do zodíaco, as 12 possibilidades do ser, 12 retornos cósmicos, 12 meses do ano, 12 discípulos, 12 deuses...

      Vemos, assim, a grande e simples influência da arquitetura egípcia nos dias de hoje. Ela nos dirige à arte de voltar a viver, de transformar tudo aquilo que é material (quadrado) em espiritual (triângulo), o que, em si, é uma tarefa muito árdua e dura. Ter muitos talentos é trabalhoso, é mais confortável não ter nenhum, mas sem cultivá-los não vamos a lugar nenhum. Iniciação é sair da caverna, do conforto, é sair do sono dos mortos. O caminho do homem é transformar o quadrado que ele herda com suas possibilidades astrais, em espiritualidade para se aproximar a esfera, ou melhor, do divino.   

 

 

 

 

 

 

Arquitetura egípcia: as pirâmides

 

 

       Nesta primeira coluna quero aproximar você, caro leitor, do fantástico mundo da arquitetura antiga. Vamos desbravar a essência da arte egípcia de construir e todos os seus significados místicos, algo que vem sendo esquecido ao longo do tempo: elevar-se ao céu, alcançar o sagrado, encontrar o divino... Então, embarcaremos semanalmente nesta viagem, sempre com intercâmbio de encorajamento, o que também vou esperar de vocês.

       A arquitetura surge na região da Mesopotâmia a partir do momento em que as civilizações passam a praticar regularmente a agricultura, tendo que se instalar próximas a rios, para facilitar a irrigação. Daí surgem as primeiras cidades. A cidade mais antiga descoberta até os dias de hoje é Jericó, onde foram encontradas casas de tijolos de barro há cerca de 10000 anos atrás. Essa região é a mesma onde surge a primeira grande “obra prima” da arquitetura, o Zigarute de Urnammu, no atual Iraque. Daí em diante a arquitetura foi se expandindo e chegou ao Egito.

       O Egito nasceu em torno do rio Nilo e se desenvolveu ao longo de 3.000 anos, tornando-se assim um marco na arquitetura mundial, servindo até hoje de inspiração para muitos arquitetos, com seus muitos mistérios arquitetônicos que mesmo a tecnologia disponível hoje, ainda não foram revelados com exatidão. Sendo assim, podemos considerar o Egito como sendo um dos berços da Arquitetura. Contudo, veremos na próxima coluna que muito mais do que uma obra-prima de engenharia, as pirâmides possuem uma arquitetura sagrada, extramente rica de significados.

       Os egípcios aproveitavam os períodos de seca do Nilo (quando os agricultores não tinham nada para fazer na terra seca) para construir seus grandes feitos arquitetônicos, as pirâmides. Como para eles, a alma era imortal e o faraó, um deus, as pirâmides eram construídas para abrigarem os corpos mumificados dos faraós e seus tesouros, na esperança da nova vida futura, proveniente do ciclo de reencarnações. As pirâmides surgiram como uma “evolução” dos túmulos memoriais reais, as mastabas, que possuíam uma base similar às das pirâmides com paredes inclinadas e com o topo plano, mas nunca ultrapassavam os 7,6 metros de altura.

       A primeira pirâmide, a  de Zoser, projetada pelo primeiro arquiteto conhecido da humanidade, Imhotep, não tinha a forma que conhecemos das pirâmides de Gizé. Ela era formada por várias reconstruções de mastabas, formando assim degraus, atingindo uma altura de 60 metros. Eram construída com blocos de granito de Aswan que pesam em média 2,5 toneladas e que muito provavelmente eram arrastados sobre cilindros de madeira e içados ao longo de rampas apoiadas no declive da pirâmide em construção, técnica que não é consensual entre os especialistas.

       A construção das pirâmides de lados lisos (como conhecemos) se iniciou em Meydum, através do faraó Huni, que deu início a uma pirâmide em degraus. Posteriormente eles foram envoltos em tufos de calcário, de modo que a pirâmide ficou com quatro lados de triângulos equiláteros. Desde então as pirâmides se desenvolveram até chegarem ao nível das grandes pirâmides de Gizé: Quéops, Quéfren e Miquerinos, dendo a maior delas a pirâmide de Quéops, com nada menos que 146,7 metros de altura, tornando-se uma das maravilhas do mundo antigo e moderno.

 

Mas será que as pirâmides serviam apenas de túmulos memoriais e para guardar os tesouros dos faraós? E era esta sua principal finalidade?

 

E qual a influência que a arquitetura egípcia exerce até os dias de hoje? Isto é assunto pra próxima postagem, caros leitores! Até breve!

 

19 de agosto de 2015

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